Todo mundo com um nível básico em conhecimentos gerais sabe da situação problemática no território palestino. Morando no Brasil nós só temos contato com judeus mas aqui conheço palestinos árabes de todas as regiões porém estas pessoas são de origem palestina que nem a gente é italiano, alemão ou português; elas nasceram e foram criadas em diferentes países.
Hoje pela primeira vez vi um "passaporte" palestino que é na verdade um documento de viagem com validade de apenas 3 anos e embora tenha escrito passport na capa não é considerado como tal. Ele pertence a um colega de trabalho que morou na região da Cisjordânia por 18 anos (hoje com 23 anos) e me contou como é "fácil" chegar em casa na cidade de Ramallah. Há dois aeroportos destruídos na Cisjordiania que não estão em funcionamento então é preciso voar primeiro para Amman na Jordânia e depois cruzar o estado judeu.
Esta é a capa do passaporte palestino, a leitura é de trás para frente que nem a árabe. Infelizmente não me senti à vontade para colocar imagens do interior do documento.
Do aeroporto Queen Alia os palestinos árabes com suas malas pegam um mini-ônibus que os leva até o primeiro checkpoint da viagem onde entregarão toda a sua bagagem para autoridades jordanianas; estas, por sua vez, deixarão tudo em um ponto específico na fronteira entre Israel e a Jordânia. Sem suas malas e após serem revistados todos os passageiros são levados para o mesmo ponto onde suas malas foram deixadas mais cedo; meu colega descreveu este lugar como sendo um "nada" no meio do deserto e extremamente quente por ser abaixo do nível do mar.
Deste ponto os palestinos são transportados em outro ônibus por mais 500m onde são revistados já por soldados israelenses e só retornam ao ônibus após serem identificados com suas bagagens antes de se dirigirem para o checkpoint principal entre as fronteiras. No checkpoint principal tudo é revistado e conferido: as malas, os passageiros e seus documentos (ficam apenas com calça e camiseta) e até o próprio ônibus israelense. Após serem chamados um por um para retornar ao ônibus eles são levados para Jericó onde então pegam o transporte que os levará ao seu destino final.
Antes de chegar à Ramallah, já na Cisjordânia e não em Israel, há pelo menos mais dois checkpoints israelenses se a situação política entre os dois povos em questão estiver "calma". Em 2002, por exemplo, quando a relação entre judeus e árabes na região estava caótica os palestinos eram proibidos de ir de uma cidade à outra na Cisjordânia e eram "barrados" nos pelo menos 6 checkpoints existentes então. Quem precisava viajar tinha que fazer parte do trajeto escondido a pé marchando entre as montanhas e carregando suas próprias malas.
PS.: A distância entre Amman e Ramallah é de aproximadamente 81km e leva no mínimo 6 horas para percorrer o trajeto na "pacífica" situação atual.